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Na primeira entrevista coletiva após as acusações de cobrança de propina no Ministério do Trabalho, o
ministro Carlos Lupi, afirmou nesta terça-feira (8) que não sairá do cargo até que se comprove as supostas irregularidades contra ele e servidores da pasta.
Em reportagem no último fim de semana, a revista “Veja” afirmou que existe um suposto esquema de cobrança de propina em convênios de ONGs com a pasta.
“Eu não sairei do ministério enquanto não estiver provado, comprovado [a participação nas denúncias]”, disse o ministro. “Para me tirar só abatido à bala.”
Segundo Lupi, ele tem apoio da presidente Dilma Rousseff para se manter no cargo, a quem conhece há 30 anos.
“Duvido que a Dilma me tire, ela me conhece muito bem”, disse. “Não aceito que joguem na lama o PDT.”
Em tom exaltado, o pedetista desafiou que comprovem “com nomes e sobrenomes” as acusações de cobrança de propinas. “Eu desafio aparecer o nome de Carlos Alberto Lupi em qualquer ato de corrupção”, afirmou.
Lupi também se colocou à disposição dos parlamentares para ir ao Congresso Nacional e até mesmo à revista “Veja” para explicar que nem ele nem o partido tem relação com as acusações.
O ministro não quis comentar a sugestão do deputado federal Antonio Reguffe (PDT-DF) de que ele se afastasse do cargo.
Mais cedo, Lupi disse ter recebido da presidente Dilma a orientação de continuar trabalhando e se defendendo das acusações.
“A presidente disse para eu tocar o barco, até porque não há nenhuma acusação que me atinja diretamente”, disse Lupi à Agência Reuters, depois de ter conversado com a presidente na segunda-feira.
Segundo ele, ao ser questionado pela presidente se “lutaria até o fim”, Lupi sentenciou: “[Vou lutar] até o último minuto da minha vida eu vou continuar, até ver isso devidamente esclarecido”.
PDT no governo
Ao lado de Lupi, o líder do PDT na Câmara dos Deputados, Giovanni Queiroz (PDT-PA), afirmou que se o ministro for afastado do cargo, a legenda deixará o governo federal.
“O ministro Lupi não tem substituto. Se sair o ministro Lupi, sai o PDT do governo”, disse em entrevista coletiva ao lado ministro.
“Não é uma ameaça. Não temos o que ameaçar. O partido não vê a queda do Lupi por corrupção. Por isso, não há razão nenhuma para ele ser pressionado pelo partido”, completou.
8 de novembro de 2011
NOTA OFICIAL DO PDT
A Direção Nacional do Partido Democrático Trabalhista e as Bancadas do PDT na Câmara dos Deputados e do Senado Federal, reunidas terça-feira, vêm a público, a respeito das denúncias veiculadas por órgãos de imprensa, declarar o seguinte: 1. Carlos Lupi representa o PDT na função de Ministro do Trabalho e Emprego, exerce o cargo em nosso nome e tem o nosso apoio e absoluta confiança para continuar à frente do Ministério; 2. O ministro Carlos Lupi tomou todas as providências que lhe competem para que os fatos relatados sejam investigados, tendo acionado inclusive a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República; 3. O PDT reafirma o seu compromisso histórico com o enfrentamento da corrupção. Não compactua com desvios éticos e é o primeiro a exigir a apuração rigorosa de todos os fatos e a punição de corruptos e corruptores que tenham se utilizado da sua função para desviar recursos públicos em benefício pessoal ou partidário; 4. Afirmam que irão às últimas conseqüências para reparar a sua imagem face à acusação mentirosa de que estariam se utilizando de esquema criminoso para arrecadar ilicitamente recursos para o Partido; 5. Defendemos a liberdade de imprensa, mas sob o manto dela não se pode ser leviano e irresponsável.
9 de novembro de 2011
Toda denúncia deve ser apurada para o bem da democracia.