TRECHO DE COLUNA DE REINALDO AZEVEDO/VEJA.COM
(sobre a posse do deputado e pastor evangélico, Marco Feliciano(PSC-SP), na Comissão de Direitos Humanos e Minorias)
Quem está na rua?
Nas ruas, protestando contra Feliciano, estão, além de grupos gays, militantes do PT, do PCdoB, do PSOL…
Santo Deus! O mensalão cobriu de vergonha o país, e os petistas foram à praça defender seus condenados. O PCdoB protagonizou um escândalo gigantesco no Ministério dos Esportes e ainda hoje canta as glórias de Stálin, o facinoroso.
O PSOL tem entre seus fundadores um terrorista italiano que, em 1973, despejou gasolina sob a porta de um apartamento, na Itália, onde estavam um gari, sua mulher e seis filhos. Ateou fogo.
Morreram uma criança de 8 anos, Stefano, e seu irmão mais velho, de 22, Virgilio (mais detalhes aqui). Essa gente vem falar em “direitos humanos”? Ora…
“Ah, então, por isso, vale tudo?” Não! Não vale, não! Mas não é possível reduzir todas as questões do mundo, de uma comissão da Câmara Federal no Brasil à sucessão do papa, segundo o filtro da militância gay.
O mundo é um pouco mais amplo do que isso. O novo presidente da Comissão de Finanças e Tributação, João Magalhães (PMDB-MG) responde a três inquéritos no STF: peculato, tráfico de influência e crime contra o sistema financeiro. Não há protestos contra ele.
Há 11 inquéritos civis no MP de São Paulo para apurar as ações do deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) quando secretário da Educação. Ele é o presidente da Comissão de Educação.
Os deputados condenados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP) são membros da comissão mais importante: a de Constituição e Justiça.
Cadê os protestos?
Na praça
Centenas de pessoas saíram às ruas neste sábado contra Feliciano. É bom não esquecer que, se os evangélicos assim o decidirem, podem reunir uma multidão muitas vezes maior para apoiá-lo.
O barulho que certos grupos fazem costuma ser inversamente proporcional a seu real tamanho e importância na sociedade. Os esquerdistas agora decidiram se preocupar com a comissão? Que graça! Poderiam tê-lo feito antes, não é?
Feliciano disse uma porção de tolices. Acusá-lo, no entanto, de racista e homofóbico por causa das declarações constitui um evidente exagero e serve para mascarar outro preconceito: o antirreligioso.
E isso também é manifestação de intolerância. Numa democracia, as pessoas têm o direito de dizer coisas idiotas.
Numa democracia, nem todo mundo tem de estar afinado com a pauta de minorias influentes. Numa democracia, não se usa apenas o alarido das ruas como critério do que é certo e do que é errado.
Por mim, Feliciano não estaria lá. Mas está, segundo as regras do jogo. Os que não concordam com suas ideias podem e devem combatê-lo.
Só não podem é confundir as coisas.
Quem não sabe a diferença entre liberdade de expressão e crime acaba tomando o crime como exercício da liberdade e o exercício da liberdade como um crime.