FOLHA.COM
O governo brasileiro teve mais uma vez de explicar no exterior sua decisão de elevar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros importados.
Desta vez em reunião entre Fernando Pimentel (ministro do Desenvolvimento) e Vince Cable, ministro dos Negócios do Reino Unido. Os dois discutiram formas de elevar o comércio entre os dois países.
A elevação do IPI, adotada em setembro, causou irritação em países exportadores, e alguns, como Japão e Coreia do Sul, já pediram explicações formais do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio). Dizem que a medida é protecionista.
As alíquotas de IPI para veículos com menos de 65% de conteúdo nacional, que antes variavam de 7% a 25%, subiram para 37% a 55%.
“Já anunciamos que vamos mudar a regra. Em dezembro, faremos um decreto para flexibilizar a tributação e dar incentivos a empresas que anunciarem produções no Brasil. Não é uma medida protecionista, como alguns afirmam. Não estamos fechando nossa economia, mas atraindo mais empresas para nosso país”, afirmou Pimentel, em Londres.
Ele disse que se reuniu com a montadora Land Rover e que a empresa decidiu abrir uma fábrica no Brasil, para se beneficiar da redução da taxa do IPI.
“Será a primeira unidade de produção de veículos da marca fora do Reino Unido”, afirmou Pimentel, sem dar mais detalhes.
Em entrevista, Vince Cable tentou fugir da polêmica. Disse que o Brasil sabe das reclamações das montadoras e que Pimentel saberá se explicar com elas.
Mas fez questão de realçar que o Brasil e o Reino Unido têm que se manter comprometidos a continuar como economias abertas, sem que haja interrupções nessa diretriz, apesar das “sensibilidades do Brasil em algumas áreas em particular”.
Questionado, Cable concordou que o Reino Unido deixou de lado o Brasil nos últimos anos.
“Na última década, nos concentramos no mercado interno e não olhamos para fora, principalmente para os mercados emergentes. Agora, há uma determinação para focarmos nos emergentes.”
É um reflexo da estagnação da economia local e do principal parceiro econômico do país, as demais nações da União Europeia.