FOLHA.COM
Depois do título de presidente que menos desapropriou imóveis rurais para a reforma agrária nos últimos 20 anos, Dilma Rousseff prometeu na noite desta terça-feira (5) acelerar a distribuição de terra de qualidade no país. Disse ainda que só promete o que pode cumprir.
“Eu vou acelerar a reforma agrária com terra de qualidade. Eu quero todo mundo cadastrado para ganhar terra”, anunciou a presidente a uma plateia repleta de trabalhadores rurais durante o 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em Brasília.
Nos dois primeiros anos de Dilma, 86 unidades foram destinadas a assentamentos, número que só supera os de Fernando Collor (1990-1992).
A desaceleração do ritmo da reforma agrária parece ainda mais intenso uma vez que tanto os governos do tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) quanto os do petista Lula (2003-2010) foram marcados por uma política de intensa distribuição de terras.
FHC chegou a 3.535 imóveis desapropriados e disse ter assentado 540,7 mil famílias. Lula desapropriou 1.990 imóveis de 2003 a 2010 e afirma ter beneficiado 614 mil famílias.
Na avaliação hoje do governo, antes de dar mais terra, é preciso melhorar a qualidade dos atuais assentamentos, tornando-os mais produtivos. “Queremos que nossos assentados tenham condições de viver daquela renda. Não pode colocar em qualquer terra”, disse Dilma.
Roberto Stuckert Filho/Divulgação/PR | ||
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Dilma durante congresso nacional de trabalhadores rurais |
“BOLSA ESMOLA”
Nesta terça, contudo, Dilma não deu detalhes de quando vai começar a intensificar a desapropriação de imóveis para cumprir sua promessa.
Ela pediu ajuda aos trabalhadores rurais para acabar com a “miséria invisível”, cadastrando famílias que não sabem que têm direito ao Bolsa Família.
“Isso não é de maneira alguma, como eles diziam antes, bolsa-esmola. É um direito”, disse Dilma, atacando aos críticos do principal programa social do governo federal.
PRIVILÉGIOS
Em carta encaminhada à presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (5), a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) pede mais diálogo com os movimentos sociais e reclama dos privilégios dados pelo governo federal ao agronegócio e aos grandes conglomerados internacionais.
Apesar de reconhecer o esforço do governo para distorções, para combater a miséria e apoiar a agricultura familiar, a Contag apontou a semelhança de discurso entre setores do governo e do agronegócio.
“Não conseguimos perceber a mesma postura de enfrentamento na relação com o agronegócio, especialmente quando afirmamos que este é o responsável pela prevalência da pobreza e da desigualdade no meio rural”, diz o texto entregue à Dilma no 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em Brasília.
O encontro foi organizado pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), que reúne hoje mais 4 mil sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras rurais.
“Já solicitamos uma audiência para entregar as reivindicações e esperamos que possamos negociar firmemente”, disse Alberto Broch, presidente da Contag, que entregou a carta nas mãos da presidente Dilma.
CANSAÇO
Depois de mais de 40 minutos de discurso, Dilma confundiu caminhão-pipa com caminhão caçamba. Interrompeu o discurso para pedir desculpas e disse que estava cansada.
Cobrada pela plateia sobre a seca, Dilma disse: “Calma, vou chegar lá”.
Dilma aproveitou para fazer um balanço dos principais programas do governo na área social, no combate à seca e ações de agricultura.