Ações da Eletrobras valorizam 23% na semana, mas não se falou em ‘interferência’
Bolsonaro sinalizou interferência, e o papel da Eletrobrás saltou de R$27,04, na segunda, para R$33,83 na quinta
Foto: Reprodução
A estatal federal Eletrobrás valorizou 23% esta semana, mesmo após o presidente Jair Bolsonaro avisar que iria interferir no setor elétrico, mas ninguém atribuiu a essa atitude a valorização expressiva da estatal de energia.
No início da semana, o papel da Eletrobrás era vendido a R$27,04 e, nesta quinta (25), registrava valorização de 23%, cotada a R$33,83.
O dedo presidencial, no setor elétrico, afinal só gerou lucros.
A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
O gesto do presidente de levar ao Congresso a medida provisória que deflagra a privatização da Eletrobrás ajudou a valorizar suas ações.
A MP 1031 (Eletrobrás) teve objetivos vitais para o êxito do governo. Um deles foram os grandes investidores privados, nacionais e internacionais.
A MP também é uma investida contra aumentos tão cruéis quanto os dos combustíveis: só em 2021, o povo amarga alta de 13% na conta de luz.
Confiar ao BNDES os estudos para privatizar a Eletrobrás gerou alívio. A pior escolha seria entregar a tarefa ao corporativismo dos eletrocratas.
“Guedes é uma âncora do nosso governo”, diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (24), que o ministro da Economia é uma âncora do governo dele. A declaração ocorreu durante sanção do texto de autonomia do Banco Central.
O presidente alegou ainda que Guedes precisa demonstrar ao mercado que possui responsabilidade fiscal e que seu governo está em regime de quase “austeridade absoluta”.
“Logicamente, passamos de governos que gastavam muito, que não tinham muita responsabilidade com o seu dinheiro e nós passamos para quase uma austeridade absoluta”.
“Logicamente que, aos poucos, nós vamos nos adequando. Nós precisamos um do outro. Ele precisa demonstrar para o mercado e para a população que tem responsabilidade fiscal”, completou.
Bolsonaro sancionou hoje o projeto de lei que estabelece a autonomia do Banco Central.
O texto foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 10 de fevereiro e tem como principal novidade a adoção de mandatos de quatro anos para o presidente e diretores da autarquia federal.
Esses mandatos ocorrerão em ciclos não coincidentes com a gestão do presidente da República.
Especuladores podem ter criado ‘crise’ para comprar ações da Petrobras na baixa
Órgão fiscalizador, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) “não comenta casos específicos”
A histeria provocada pela substituição do presidente da Petrobras foi tão exagerada que logo se perceberam sinais de manipulação no mercado, com corretoras de valores e bancos de investimentos recomendando enfaticamente a venda de ações da estatal.
Só não contaram que elas próprias as comprariam na baixa para vendê-las na alta, e sem demora: já na abertura do “mercado”, nesta terça (23), ações da Petrobras registravam alta de 8%.
Quem vendeu ações na baixa passou por otário.
A informação é da Coluna Cláudio Humberto, do Diário do Poder.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, também chamou de histeria as queixas contra a troca na Petrobras. “Essa crise foi fabricada”, denuncia.
O “nervosismo” nas bolsas foi só uma jogada de especuladores, com ajuda dos seus aliados e parceiros nas mídias sociais e tradicionais.
Enquanto as ações da Petrobras silenciosamente mudavam de mãos, em meio à histeria, na Petrobras tudo funcionava.
Sinais de manipulação são investigadas por órgãos de controle, mas a CVM brasileira saiu pela tangente: não comenta “casos específicos”.
Dinheiro no ralo: estatais deficitárias sugam R$17 bilhões do Tesouro Nacional por ano
Dezenove estatais federais dependeram do Tesouro Nacional para pagar suas contas
Dezenove estatais federais dependentes do Tesouro Nacional para pagar suas contas receberam em 2019 mais de R$17 bilhões retirados do bolso de quem paga impostos.
A maioria dessas estatais é deficitária, mesmo recebendo subvenções bilionárias, segundo atestou a Secretaria de Desestatização do Ministério da Economia.
Apesar de deficitários, esses centros de ineficiência continuam concedendo generosos penduricalhos, benefícios, auxílios e bônus a diretores e funcionários.
Sugam recursos do Tesouro as estatais Amazul (ligada à Marinha), CBTU, Ceitec, Codevasf, Conab, EBC, CPRM e outras dispensáveis.
Entre as sanguessugas estão Ebserth, EPL, GHC, HCPA, INB, Nuclep, além de Imbel, Telebrás (“extinta” no governo FHC, mas ainda ativa), Trensurb e Valec.
A Ceitec S/A simboliza o dinheiro público jogado fora. A empresa até teve sua liquidação iniciada, mas a Justiça condenou o Brasil a continuar sustentando essa inutilidade.
Estatal de “tecnologia avançada” (sic), a Ceitec diz ter pessoal “altamente capacitado”, mas paga benefícios para cursos profissionalizantes para seu pessoal.
Guedes rebate críticas: ‘A Bolsa sobe todo dia e o ministro está sem credibilidade?’
O ministro da Economia, Paulo Guedes, rebateu, nesta quarta-feira, críticas de que o governo não tem um plano para sair da crise causada pela pandemia de Covid-19.
Ele listou uma série de medidas já tomadas e disse haver “falsas narrativas” contra ele. Guedes também rechaçou estar “desacreditado” e afirmou que o desempenho da Bolsa de Valores confirma essa percepção.
— A Bolsa sobe todo dia e o ministro está sem credibilidade? Eu sempre aprendi que é o contrário. A economia está acelerada, a geração de empregos está acelerada, a Bolsa sobe todo dia. E os mesmos perdedores da eleição de sempre insistem na mesma narrativa desde o primeiro dia do governo — disse Guedes, após comemorar a aprovação da nova Lei de Falências pelo Senado.
— No dia que a Bolsa estiver caindo 50% e o dólar explodindo, aí vocês vão dizer “é, falta credibilidade”.
O ministro rebateu até mesmo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Mais cedo, Campos Neto disse que o Brasil precisa de plano que indique preocupação com trajetória da dívida.
Guedes disse que Campos Neto sabe qual é o plano do governo e, se ele tiver um melhor, é preciso questionar a ele.
— O presidente Campos Neto sabe qual é o plano. Se ele tiver um plano melhor, peça ele qual o plano dele. Pergunta ele qual o plano dele para recuperar a credibilidade. O plano nós já sabemos qual é, nós já temos. Você acha que nós queremos privatizar ou estatizar empresa?
Abrir economia ou fechar economia? Qualquer pessoa sabe qual o nosso plano. Agora, quem tiver sentindo falta de um plano econômico quinquenal, dá um pulinho ali na Venezuela, na Argentina. Ali está cheio de plano. O nosso plano é transformar a economia brasileira numa economia de mercado— disse o ministro.
O ministro citou o acordo comercial com União Europeia (que ainda precisa ser confirmado pelos parlamentos), leilões de petróleo, o envio do Pacto Federativo e da reforma administrativa ao Congresso, além da aprovação da reforma da Previdência e de marcos legais como prova de que as medidas estão avançando.
— Não peço elogios. Mas vocês deviam estar observando os fatos empíricos. Não se falou tanto em ciência, em fatos? Olhem os fatos, olhem o que foi feito antes. Nós entramos, fizemos a reforma da Previdência imediatamente, derrubamos os juros, economizamos agora mais R$ 300 bilhões com a reforma administrativa e mais de R$ 150 bilhões quando combinamos que não vai haver aumento de salários para o funcionalismo no meio da pandemia. Estamos fazendo coisas importantes— afirmou o ministro.
Durante a entrevista à imprensa, Guedes citou diversas vezes o desempenho da Bolsa para rebater as críticas.
— Uma pessoa que eu nem sei quem é diz que eu estou desacreditado. O mercado faz novas altas todos os dias, mostrando que há confiança na política econômica brasileira. O dólar descendo, a bolsa subindo, os investimentos entrando, a economia voltando em V — disse o ministro.
Para Guedes, há “falsas narrativas” promovidas contra ele. Disse que há uma crise de “desrespeito” no Brasil, e que as pessoas estão “perdendo o juízo”:
— Estão querendo descredenciar a democracia. A democracia é assim. Quando alguém ganha, governa quatro anos e outro depois tenta ganhar a eleição. Agora, será que nós estamos ensinando que oposição deve ser odiosa, que quem perder não aceita, vamos descredenciar o processo democrático?
Guedes afirmou que há críticas injustas contra ele. E voltou a dizer que houve um acordo para que as privatizações não sejam pautadas na Câmara, sem citar os termos desse suposto acordo e nem dizem com quem ele foi firmado.
— Nós estamos trabalhando duramente, as críticas são completamente injustas— disse Guedes, acrescentando: — A velocidade de implementação é difícil. A agenda de privatizações foi bloqueada, estava bloqueada por acordos políticos na Câmara. Como é que vai privatizar se não entra na pauta.
O ministro também disse que o governo tem rumo, explicando que medidas como o auxílio emergencial e a reforma da Previdência saíram do Ministério da Economia, mas foram alteradas pelo Congresso:
— Nós fizemos um trabalho importante. Negar esse trabalho, dizer que o governo está sem rumo… Nós mantivemos o rumo inclusive em meio ao caos. O auxílio emergencial foi formulado aqui e ampliado lá. Da mesma forma que a reforma previdenciária foi feita aqui e encurtada lá. Que é o papel do Congresso, mas a formulação saiu daqui.
O ministro citou como exemplo de uma crítica certa dizer que o governo não está conseguindo privatizar. E como crítica errada afirmar que ele está sem credibilidade:
— O que adianta ficar jogando pedra? É como se você tivesse tentando ajudar e sendo apedrejado pelas costas o tempo inteiro. E quando a crítica é injusta, ela não merece respeito.